As necessidades das pessoas com Autismo são muitas, os recursos são poucos e os gastos são grandes. Não existem serviços ou recursos suficientes e estruturados para atender as necessidades das pessoas com Autismo de forma gratuita, assim como também não existe conhecimento suficiente nos sistemas públicos para atender e satisfazer as necessidades das crianças com Autismo.
Essa situação obriga os pais de crianças com Autismo, a partir do diagnóstico, a se tornarem defensores dos seus filhos devendo sempre buscar a aprender e entender a necessidade de seu filho em vários domínios. E mais importante ainda, devem ter a capacidade de transmitir estas necessidades a várias pessoas e serviços.
Essa capacidade dos pais de conhecer os sistemas de cuidados e saber onde encontrar recursos para atender as necessidades dos seus filhos é extremamente importante para que assim, possa tomar decisões conscientes e assertivas na busca pelo desenvolvimento e autonomia de seu filho.
O desenvolvimento eficiente dessa pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo na infância, traz inúmeros benefícios a família, a sociedade e a criança principalmente, pois cria uma possibilidade de se alcançar a regressão dos sinais do Autismo bem como pode ainda, atenuar as comorbidades associadas, e a oportunidade da família em ter uma vida social de maneira mais plena, sem a necessidade de dedicação exclusiva a pessoa com Autismo.
A família, ao receber o diagnóstico, percebe que precisa haver uma mudança significativa na dinâmica diária do grupo familiar para atender as demandas do “novo” membro. E quando há outros filhos na família, fica evidente que as habilidades e a inteligência de ambos são diferentes, assim como sua desenvoltura social.
Ainda há de se considerar que, em relação ao pais, a necessidade de assumir um papel de cuidador em tempo maior que o de uma criança neurotípica, na grande maioria das vezes assumido pela mãe, pode trazer um distanciamento ao casal e prejuízos a relação conjugal.
Neste cenário, o empoderamento dos pais frente as intervenções clínicas tornam-se são de extrema importância, porque além de permitir um melhor desenvolvimento da criança dentro de suas necessidades, possibilita a eles, a oportunidade de discutir com os profissionais da área, as necessidades mais emergentes em cada momento vivenciado pelo grupo familiar.
As intervenções clínicas oferecidas no tempo certo e de forma assertiva, permitem ainda à pessoa com Autismo, a redução do uso de tratamentos medicamentosos, e a medida que a pessoa com TEA adquire maior desenvolvimento neuromotor, intelectual, também melhora sua auto estima, a gestão das emoções e a autonomia, liberando assim o cuidador da atenção integral antes empenhada.
Essa liberação do cuidador traz ainda a melhora das condições sócio econômicas do grupo familiar, pois na grande maioria das vezes, este familiar que fica à disposição da pessoa com Autismo em tempo integral para auxiliar nas necessidades básicas, não consegue ingressar no mercado de trabalho.
A longo prazo, traz também a diminuição do risco dessa pessoa com Autismo ingressar numa moradia assistida quando em idade adulta na ausência de pais e cuidadores, diminuindo assim inúmeros gastos causados ao setor público.
Por Carliza Fiabane, mãe do Patrick Guilherme.