COMO ACENDER O SINAL DE ALERTA PARA O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por Vanice Frarão – Pedagoga e Especialista em ABA

Cada vez mais os centros de Educação Infantil estão recebendo crianças com algum transtorno ou com dificuldades de aprendizagem. O autismo tem sido bem comum nestes centros. Segundo o DSM-5 — Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos.

Estudos recentes nos indicam que o cérebro da pessoa com TEA funciona de uma maneira diferente:

No cérebro autista, essa arquitetura se encontra desorganizada e apresenta uma modelagem anormal, impedindo que o funcionamento seja pleno. As pontes, as ligações e as ramificações se encontram incompletas, desviadas, ora ativadas, ora desligadas, com conexões ora perdidas, ora sobrecarregadas. As funções de cada grupo de neurônios se encontram desbalanceadas, com “hiperfuncionamento”, dependendo do interesse desse cérebro, e disfuncional para o que não interessa. O conjunto, portanto, não consegue processar direito as informações, pois tudo fica dessincronizado, e ele pode demorar para realizar as tarefas e os processos sociais do ambiente, ou, por outro lado, pode agilizá-los demais. O resultado: um cérebro atípico e pouco adaptado as necessidades exigidas pelas relações sociais, independente da idade. (BRITES e BRITES, 2019, p.36 e 37)

Por isso a importância de estudar para entender a criança, avaliar e compreender a maneira como cada criança aprende. Os (as) professores (as) precisam estar atentos aos sinais que a criança apresenta. O diagnostico só pode ser feito por um médico neuropediatra ou psiquiatra da infância, mas é na escola que esta criança passam grande parte do seu dia e o professor pode observar alguns sintomas e acender o sinal de alerta.

O psiquiatra da infância, Dr Gustavo Teixeira e a psicóloga, especialista em neurociências Mayra Gaiato descrevem em seu livro: O REIZINHO AUTISTA: Guia para lidar com comportamentos difíceis, alguns sinais de alerta de acordo com o desenvolvimento infantil:

AOS 4 MESES DE IDADE:

  • Não acompanha objetos que se movam na sua frente.
  • Não sorri para as pessoas.
  • Não leva as mãos ou objetos à boca.
  • Não responde a sons altos.
  • Não emite sons com a boca.
  • Não sustenta a cabeça.
  • Dificuldade em mover os olhos para todas as direções.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 6 MESES DE IDADE:

  • Não tenta pegar objetos que estão próximos.
  • Não demonstra afeto por pessoas familiares.
  • Não responde a sons emitidos próximos a ele.
  • Não emite pequenas vocalizações.
  • Não sorri ou dá risadas ou expressões alegres.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 9 MESES DE IDADE:

  • Não senta, mesmo com auxilio.
  • Não balbucia.
  • Não reconhece o próprio nome.
  • Não reconhece pessoas familiares.
  • Não olha para onde você aponta.
  • Não passa os brinquedos de uma mão para outra.
  • Não demonstra reciprocidade.
  • Não responde as tentativas de interação.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 12 MESES DE IDADE:

  • Não faz contato visual.
  • Não engatinha.
  • Não fica em pé, quando segurado.
  • Não procura objetos que vê sendo escondidos.
  • Não fala palavras como “papai” ou “mamãe”.
  • Não entende comandos como “dar tchau”.
  • Não aponta para objetos.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 18 MESES DE IDADE:

  • Não anda.
  • Não fala pelo menos seis palavras.
  • Não aprende novas palavras.
  • Não expressa o que quer.
  • Não aponta para mostrar algo.
  • Não se importa quando o cuidador se afasta ou se aproxima.
  • Não copia comportamentos.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 2 ANOS DE IDADE:

  • Não fala frases com duas palavras que não sejam imitação (exemplo: quero água).
  • Não copia ações ou palavras.
  • Não segue instruções simples.
  • Não anda de forma equilibrada.
  • Não entende o que fazer com utensílios comuns como colher, telefone, escova de cabelo.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 3 ANOS DE IDADE:

  • Cai muito ao andar.
  • Fala muito pobre ou incompreensível.
  • Não compreende comandos simples.
  • Não consegue brincar de faz de conta.
  • Não consegue brincar com brinquedos simples (exemplo: quebra – cabeça, lego).
  • Não há interesse em brincar com outras crianças.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

AOS 4 ANOS DE IDADE:

  • Não brinca com outras crianças.
  • Interage com poucas pessoas.
  • Resiste em trocar roupas.
  • Não aprende histórias de faz de conta.
  • Tem dificuldades na fala.
  • Não entende comandos simples.
  • Não usa os pronomes “você” e “eu” corretamente.
  • Tem dificuldade em rabiscar um desenho.
  • Perdeu habilidades que já possuía.

(GAIATO e TEIXEIRA, 2018, p.30 a 33)

Observando estes comportamentos em seus alunos o professor pode encaminhar para uma avaliação com uma equipe multidisciplinar, favorecendo o desenvolvimento da criança, pois quanto antes este aluno tiver uma intervenção adequada melhor será sua qualidade de vida, ensinando a eles comportamentos que trazem benefícios e combatendo os que trazem prejuízos.

Referências

BRITES, Luciana; BRITES, Clay. (2019). MENTES ÚNICAS aprenda como descobrir, entender e estimular uma pessoa com autismo e desenvolva suas habilidades impulsionando seu potencial. São Paulo: Gente.

GAIATO, Mayra; TEIXEIRA, Gustavo. (2018). O REIZINHO AUTISTA Guia para lidar com comprtoamentos difíceis. São Paulo: nVersos.