O Transtorno do Espectro Autista (TEA) constitui um grupo de condições nas quais as habilidades sociais, o desenvolvimento da linguagem e do comportamento não se desenvolvem adequadamente ou são perdidos no início da infância.
Parte das pessoas com TEA apresentam algum nível de deficiência intelectual, alterações motoras, além de outras comorbidades associadas que comprometem seu desenvolvimento, trazendo prejuízos na sua autonomia e aprendizagem.
Nessa perspectiva, a Psicomotricidade tem papel importante para auxiliar no processo de desenvolvimento, autonomia e aprendizagem, apresentando-se como uma ciência necessária visto que tem por objeto de estudo, o homem através do seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno e externo, e relaciona-se com o processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições motoras, cognitivas e afetivas.
As áreas psicomotoras envolvem: Tonicidade, Equilibração (equilíbrio estático, dinâmico e emocional), Esquema e Imagem Corporal, Lateralização (lateralidade e dominância lateral), Estruturação Espacial, Orientação Temporal, Praxia Global e Praxia Fina. Geralmente essas áreas são desenvolvidas até os 7 anos de idade e são hierárquicas, ou seja, uma depende da outra.
Muitas crianças com autismo apresentam falta de controle de seus impulsos, limites sociais, percepção de espaço, e principalmente, falta de noção do seu corpo, o que faz com que as formas de se expressar fiquem muito prejudicadas e desorganizadas. O controle de seus movimentos depende de noção de corpo, noção espacial, sensibilidade, interação com o meio e com o outro. A capacidade de integrar estes elementos define a eficácia de uma ação organizada.
A Terapia Psicomotora é de grande importância para o desenvolvimento de uma das alterações mais presentes nas pessoas com TEA que é a noção corporal. Para tal objetivo, é importante trabalhar com essas pessoas por meio de estratégias que as façam se auto perceber e se inter-relacionar com os limites do meio e com as pessoas a sua volta.
Quando ocorrem falhas no desenvolvimento psicomotor, ocorrem também falhas na aquisição da linguagem verbal e escrita. Para cada aprendizado da criança, é preciso que se cumpra e se desenvolva a etapa anterior.
O processo de desenvolvimento por meio da Psicomotricidade, acarreta melhor autonomia em suas atividades básicas como: higiene, reconhecimento de sinais de transito, noções espaciais e de lateralidade para atravessar a rua, por exemplo, aprendizagem da escrita e da leitura, habilidade e autonomia para realizar compras, preparar alimentos, reconhecer o caminho de casa, memorizar seu endereço, telefones de familiares e posteriormente uma atividade laboral que garanta sua subsistência.
Para desenvolver a Psicomotricidade, a AMA Videira trabalha com um plano de atendimento terapêutico específico para cada criança atendida, com foco no eixo de interesse de cada um, com atividades e materiais confeccionados e desenvolvidos para suas necessidades específicas, fortalecendo as habilidades e reconhecendo suas dificuldades para torná-los funcionais e mais independente possível respeitando suas limitações.
Juliana Miranda – Especialista em Psicomotricidade Clínica